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segunda-feira, 17 de junho de 2013

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Dom Casmurro



Dom Casmurro é um romance escrito por Machado de Assis em 1899 e publicado pela Livraria Garnier. Foi escrito para sair diretamente em livro, o que ocorreu em 1900, embora com data do ano anterior. Além de ter sido traduzido para outras línguas, continua a ser um de seus livros mais famosos e é considerado um dos mais fundamentais de toda a literatura brasileira. Completa a "trilogia realista" de Machado de Assis, ao lado de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, tendo sido esses dois escritos primeiramente em folhetins. Seu personagem principal é Bento Santiago, o narrador da história que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento, que se torna o enredo central da trama. Ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Império, se inicia com um episódio que seria recente em que o narrador recebe a alcunha de "Dom Casmurro", daí o título do romance. Machado de Assis o escreveu utilizando ferramentas literárias como a ironia e uma inter textualidade que alcança Schopenhauer e, sobretudo a peça Otelo de Shakespeare. Ao longo dos anos, Dom Casmurro, com seus temas como o ciúme, a ambiguidade de Capitu, o retrato moral da época e o caráter do narrador, recebeu inúmeros estudos, adaptações para outras mídias e sofreu inúmeras interpretações, desde psicológicas e psicanalíticas na crítica literária dos anos 30 e dos anos 40, passando pelo feminismo na década de 1970 até sociológicas da década de 1980, e adiante. Creditado como um precursor do Modernismo e de ideias posteriormente escritas por Sigmund Freud, o livro influenciou os escritores John Barth, Graciliano Ramos e Dalton Trevisan e é considerado por alguns a obra-prima de Machado.

Enredo
Narrado em primeira pessoa, seu personagem principal é o carioca de 54 anos Bento de Albuquerque Santiago, advogado solitário e bem-estabelecido que, após ter reproduzido tal qual, no Engenho Novo, a casa em que foi criado "na antiga Rua de Mata cavalos" (hoje Riachuelo), pretende "atar as duas pontas da vida e resgatar na velhice a adolescência", ou seja, contar na meia idade seus momentos de moço. No primeiro capítulo, o autor justifica o título: é uma homenagem a um "poeta do trem" que certa vez o importunou com seus versos e que lhe chamou de "Dom Casmurro" por ter, segundo Bento, "fechado os olhos três ou quatro vezes" durante a recitação. Sete seus vizinhos, que lhe estranhavam os "hábitos reclusos e calados", e também seus amigos próximos, popularizaram a alcunha. Para escrever o livro é inspirado por medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, imperadores romanos que mataram suas esposas adúlteras. Nos capítulos adiante Bento começa suas reminiscências: conta as experiências que teve quando sua mãe, a viúva D. Glória, lhe enviou para o seminário, fruto de promessa que ela fez caso acabasse concebendo um novo filho depois de seu primeiro, que morreu no parto; a ideia foi ressuscitada pelo agregado José Dias, que conta a Tio Cosme e à D. Glória o namoro de Bentinho com Capitolina, a vizinha pobre por quem Bentinho era apaixonado. No seminário, Bentinho conhece seu melhor amigo, Ezequiel de Sousa Escobar, filho de um advogado de Curitiba. Bento larga o seminário e estuda direito em São Paulo, enquanto Ezequiel torna-se comerciante bem sucedido e casa-se com Sancha, amiga de Capitu. Em 1865, Capitu e Bentinho casam; Sancha e Ezequiel têm uma filha que dão o nome de Capitolina, enquanto o protagonista e sua esposa concebem um filho que chamam de Ezequiel. O Escobar companheiro de Bento, que era exímio nadador, paradoxalmente morre afogado em 1871, e no enterro tanto Sancha quanto Capitu olha o defunto fixamente, "Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, [...], como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã”, 9 segundo ele. Logo o narrador começa a desconfiar que seu melhor amigo e Capitu o traísse às escondidas. Dom Casmurro também passa a duvidar de sua própria paternidade. Diz ele nas últimas linhas: [...] quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me… O livro termina com o convite irônico "Vamos à História dos Subúrbios”, 10 livro que ele, no início do romance, teria pensado escrever antes de ocorrer-lhe a ideia de Dom Casmurro. A ação do romance passa-se entre 1857 e 1875, aproximadamente, e a narrativa, embora de tempo psicológico, permite a percepção de algumas unidades: a infância de Bento em Mata cavalos; a casa de Dona Glória e a família do Pádua, com os parentes e agregados; o conhecimento de Capitu; o seminário; a vida conjugal; a densificação do ciúme; os surtos psicóticos de ciúme, agressividade; a ruptura. Dom Casmurro narra em primeira pessoa a estória de Bentinho que, por circunstância várias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom Casmurro. Sua estória é a seguinte: Órfão de pai, criado com desvelo pela mãe em Mata cavalos (D. Glória, viúva), José Dias (o agregado), Tio Cosme (advogado e viúvo) e prima Justina (viúva), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele, Capitolina - a Capitu. Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornar-se-ia um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois se tornando padre não poderia casar com Capitu. A vida do seminário, no entanto, não o atrai. Apesar de comprometido pela promessa, também D. Glória sofre com a ideia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias, o agregado da família, Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo. José Dias, que sempre foi contra ao namoro de Bentinho e Capitu, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior. José Dias era fascinado por direito e pelos estudos no exterior. Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, Bentinho se forma em Direito e estreita a sua amizade com um ex-colega de seminário, Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu. Do casamento de Bentinho e Capitu nasce Ezequiel. Escobar morre afogado e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma pela qual Capitu contempla o cadáver. Percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo e precipita-se a crise. À medida que cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. E Bentinho já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. Bentinho muito ciumento chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguido pelo seu suicídio, mas não tem coragem.

Olhos de Ressaca: O conflito
A partir de um vértice psicanalítico, são elaborados alguns comentários a respeito do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis e do impacto estético despertado pelo mesmo. Já de início é descartada qualquer pretensão de responder à célebre pergunta 'Capitu traiu ou não traiu Bentinho?' e o texto encaminha-se para uma construção imaginativa a respeito das possíveis motivações de Bento Santiago, levando em conta que, enquanto personagem de obra literária, Bentinho pode ser considerado como realização de aspectos psicológicos de qualquer um de seus leitores. Daí sua força e fascínio.


Clímax do Enredo
Tem-se o Clímax quando Bentinho casa-se com Capitu, tem um filho, e começa ter a desconfiança que o filho não é dele (principalmente quando Bentinho fala diretamente à Capitu na volta desta da Igreja, e pensa em envenenar o filho).

Desfecho
Na antiga casa de Bentinho em Mata cavalos e em sua nova casa em Engenho Novo. A vida em família, e a presença do filho antes tão amado, tornam-se insuportáveis para Bentinho, que vê em todos os gestos de Capitu uma silenciosa confissão de culpa. Num momento de grande exasperação, Bentinho acusa Capitu, que reage indignada, ferida, mas, ao fim e ao cabo..., resignada. E mais uma vez um jogo surdo de interesses e conveniências estabelece o destino final dos protagonistas. Para salvar as aparências, a família viaja para a Suíça, onde Bentinho deixa Capitu e o filho. Não tornará a ver a esposa, que morre exilada; e o filho, que revê a contragosto e cheio de ressentimento, a ponto de desejar-lhe a lepra, acaba morto de febre tifóide, numa viagem à Palestina. Assim contada à história, Capitu parece mesmo adúltera. Mas há lugar para dúvidas, e muitas. Afinal, em “Dom Casmurro” só se ouve uma única voz, a de Bentinho, que nos dá a sua versão dos fatos, e, além disso, muitos anos depois de tudo acontecido. Se assim quisermos, podemos acreditar em Bentinho; mas ele mesmo, por tudo o que sua narrativa é, nos permite desconfiar, imaginar outras narrativas para essa mesma história. Assim, nada parece mais incerto e fugidio que essa história aparentemente inequívoca, da qual nenhum leitor sai incólume. Quando tudo indicava que os obstáculos à felicidade dos enamorados estavam definitivamente vencidos, eis que o destino decide embaralhar o jogo. E então, nosso desejo de entender o absurdo desse cúmulo torna-se presa fácil das artes — talvez artimanhas — de Bentinho. Ao nos falar tão saudoso e dolorido da amada, ao nos fazer uma refinada crônica de uma traição anunciada, faz, com a sua narrativa, o que denunciava no olhar de Capitu: suspende nossa razão, e nos arrasta em tormentosa ressaca. Bentinho e Capitu ficam com uns 25 anos mais ou menos. E nasce de Capitu, um garoto chamado Ezequiel, este causa muito ciúmes para Bentinho, pois se parece muito com o seu melhor amigo Escobar. E Bentinho acha que a Capitu fez um fanfers com o seu amigo. Logo, Bentinho e Capitu começam a brigar várias vezes, e numa certa ocasião, Bentinho quase mata seu filho, oferecendo-lhe um chá ou café (não lembro direito) com remédios, só que no instante finais ele tira de seu filho. Ambos se separam, e nesse tempo todos morrem menos Bentinho, que é o autor dessa história, só que velho No final Bentinho, ou Dom Casmurro, faz várias acusações sobre a Capitu, querendo deixar claro ao leitor que a Capitu lhe cometeu Adultério.

Personagens Protagonistas
Capitu: uma jovem que tinha 14 anos de idade, alta, forte e cheia, usava vestidos de chita, meio desbotados. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, com olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor, suas mãos não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas, com água do poço e sabão comum.
Durante a historia foi descrita por José Dias um dos personagens, como uma menina desmiolada e com “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, mas pelo seu amado que no decorrer da historia será Bentinho seus olhos são descritos como “olhos de ressaca” porque possuía neles um fluido misterioso e energético uma força que o arrastava para dentro, como no fluxo e no refluxo das ondas da praia.
Bentinho: Bento de Albuquerque Santiago assim era seu nome, mais era conhecido como Bentinho. Filho de D. Gloria, que espera que o filho fosse para o seminário e estuda-se pra ser padre. Bentinho, porem, tinha outro plano: desejava-se se casa com Capitu uma amiga de infância. Um jovem sem atitudes e mimado pela sua família assim podemos dizer que ele ocupava um papel de anti-herói nessa historia, por ter dificuldade de resolver seus próprios problemas e incapaz de tomar suas decisões por conta própria. Na velhice tornasse um homem fechado, triste e solitário e por essa aparência acaba sendo apelidado de Dom Casmurro. As lembranças de um passado triste e doloroso tornaram-no um indivíduo de poucos amigos. Tentava recuperar o que já fora um dia, tentando reconstruir seu passado, mas suas tentativas não foram bem sucedidas e assim ainda continuava sendo o mesmo homem triste e solitário que ocupava o lugar do menino que ali um dia hábito.

Personagens Secundários
D. Glória: seu nome era D. Maria da Glória Fernandes Santiago, era casada com Pedro de Albuquerque Santiago com que teve um filho chamado Bentinho. Perdeu o marido aos trinta anos de idade. Quando contava quarenta e dois anos de idade, ainda continuava sendo uma mulher bonita e moça, mas teimava em esconder os saldos da juventude, por mais que a natureza quisesse preservá-la da ação do tempo. 
Escobar: Chamava-se Ezequiel de Souza Escobar. Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como tudo. Amigo de Bentinho da época do seminário. Torna-se comerciante e casa-se com Sancha, com quem tem uma filha chamada Capitolina, em homenagem a Capitu, mulher de seu amigo Bentinho.
Ezequiel: filho de Capitu e... Aí está a dúvida do narrador. Quem seria o pai de Ezequiel? Bentinho ou Escobar? Seja como for, o dia do nascimento do menino é marcante pra Bentinho:
“A minha alegria quando ele nasceu não sei dizê-la; nunca a tive igual, nem creio que a possa haver idêntica, ou que de longe ou de perto se pareça com ela”.
Assim Bentinho descreve o tamanho de sua alegria. Enquanto Ezequiel vai crescendo Bentinho começa a ver nele grades semelhanças com seu amigo Escobar. Como alguns gestos que iam ficando semelhantes e repetidos, como das mãos e dos pés de Escobar, ate o modo de voltar à cabeça quando falava e quando a deixava cair quando ria.
José Dias: Agregado da família de Bentinho. No inicio, incentiva D. Glória a encaminhar o menino para o seminário, pois era contrario ao namoro dele com Capitu. Mais tarde, toma a iniciativa de tirá-lo do curdo de padre.
"Amava os superlativos", "ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo... nos lances graves, gravíssimo", "com o tempo adquiriu curta autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo", "as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole".
Pedro de Albuquerque Santiago: Pai de Bentinho. Morreu quando Bentinho ainda era pequeno. Bentinho não lembrava nada da figura paterna “a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande”.
Tio Cosme: era um homem gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos; irmão de D. Glória. Viúvo e advogado já aposentado. Mora na casa de Bentinho desde a morte da esposa. E procura não interferir na vida do sobrinho.
Prima Justina: Viúva e prima de D. Glória, também mora com a família de Bentinho.
Sr. Pádua e D. Fortunata: País de Capitu e vizinhos de D. Glória.
Sancha: Amiga de Capitu, que se casou com Escobar amigo de Bentinho com quem teve uma filha chamada Capitolina.

Personagem Antagonista
Bentinho narra sua própria historia como Dom Casmurro assim apelidado. Mas além de um narrador personagem ele pode ser considerado também como um personagem antagonista (vilão). E quando isso acontece?...Quando ele começa a ser atormentado pelo ciúme. Passa a alimentar a sensação de adultério, relacionando a sua mulher Capitu a seu melhor amigo, Escobar. E quando seu filho Ezequiel cresce, Bentinho vê cada vez mais semelhanças do menino com Escobar. A suspeita de traição provoca o fim do casamento. Por isso que Bentinho também pode ser considerado o próprio vilão da sua historia, porque ele vive uma batalha constante com ele mesmo, e essa dúvida acaba o destruindo, assim o tornando um Dom Casmurro.

Foco Narrativo
A história é narrada na 1ª pessoa do singular, por um narrador-personagem, que se coloca como o escritor. Para tentarmos nos aproximar de seu enigma, a história de Dom Casmurro apresenta como primeira chave, a própria figura deste que ao mesmo tempo a vive e a relata.Trata-se de um velho solitário apelidado de Dom Casmurro. O autor da alcunha, foi um rapaz que, em uma viagem de trem, se aborreceu com a monotonia de Bento, cansado com o relato tão monótono da sua história de vida.Outro ponto a se ressaltar no romance é o fato de seu narrador não ser confiável. Ele mente, distorce, confunde o leitor, com quem conversa ao longo da narração, anunciando a meta linguagem da literatura do século XX. Machado de Assis adota um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária. Inscrevia-se, então, entre os romancistas inovadores, além de convergir com os espíritos adiantados da Europa, que sabiam que toda representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa. Em Dom Casmurro, a dramatização do ato de narrar é um dos componentes essenciais do enredo e da vida do protagonista. Tal dramatização consiste no seguinte: em vez de simplesmente escrever uma história, Machado de Assis inventou uma personagem (um pseudo-autor) de quem nos é dado ver o ato de escrever o seu próprio romance. Dom Casmurro também pode ser entendido como uma auto-análise de Bento Santiago, sobrevivente único de uma história de amor com final amargo: pois Bento julga-se traído pela esposa Capitu e pelo melhor amigo Escobar. Há vários anos após a morte da esposa e de seu suposto amante, Bento decide escrever o livro para restaurar no presente o equilíbrio perdido no passado. O ponto de vista de Bento Santiago domina tudo na narrativa. Até mesmo as demais personagens não passam de projeções de sua alma. Publicado pela primeira vez em 1899, "Dom Casmurro" é uma das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade brasileira. Também a temática do ciúme, abordada com brilhantismo nesse livro, provoca polêmicas em torno do caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira: Capitu. Há uma discussão em torno da obra que alimenta os espíritos mais inflamados: Capitu traiu ou não seu marido Bento Santiago, o Bentinho? O romance, entretanto, presta-se a muitas leituras, e é interessante ver como a recepção ao livro se modificou com o passar do tempo. Quando foi lançado, era visto como o relato inquestionável de uma situação de adultério, do ponto de vista do marido traído. Depois dos anos 1960, quando questões relativas aos direitos da mulher assumiram importância maior em todo o mundo, surgiram interpretações que indicavam outra possibilidade: a de que a narrativa pudesse ser expressão de um ciúme doentio, que cega o narrador e o faz conceber uma situação imaginária de traição. Machado de Assis, autor sutil e de penetração aguda em questões sociais, arma o problema e testa seu leitor. É impressionante como isso vale ainda hoje, mais de um século depois do lançamento do livro. O romance é a história de um homem de posses que ama uma moça pobre e esperta e se casa com ela. Em sua velhice, ele escreve um romance de memórias para compreender melhor a vida. Capitu, até a metade do livro, é quem dá as cartas na relação. É inteligente, tem iniciativa, procura articular maneiras de livrá-lo do seminário etc. Trata-se de uma garota humilde, mas avançada e independente, muito diferente da mulher vista como modelo pela sociedade patriarcal do século XIX. Nesse sentido, Capitu representa no livro duas categorias sociais marginalizadas no Brasil oitocentista: os pobres e as mulheres. A personagem acabará por "perturbar" a família abastada, ao casar-se com o homem rico. Percebe-se, por isso, o peso do possível adultério em suas costas. Não se trata apenas de uma questão conjugal entre iguais, mas de uma condenação de classe. Bentinho utiliza o arbítrio da palavra para culpar sua esposa. Mas é ele quem narra os acontecimentos e, por isso, pode manipular os fatos da maneira que melhor lhe convém. Não se sabe até que ponto os fatos relatados correspondem ao que ocorreu, ou são uma interpretação feita pelo personagem, que, além de tudo, escreve que não tem boa memória. Nesse sentido, a questão central do livro não é o adultério, e sim como Machado introduz na literatura brasileira o problema das classes e, ainda, de forma inovadora, a questão da mulher. Dom Casmurro coloca no centro de sua temática a menina que não se deixa comandar e, em virtude disso, perturba a ordem vigente naquele ambiente social estreito e conservador.

Tempo
Em Dom Casmurro, com sua edição em 1899 e publicação em 1900, é uma obra com capítulos curtos, usando a ironia, pessimismo amargo e técnicas de narrativas inovadores como a, metalinguagem e a intextualidade. Por isso é considerado que a obra de certa forma “continua a trajetória de renovação” que foi iniciada em Memorias Póstumas de Braz Cubas (1881) Na obra a narrativa é um pseudo-autobiografia, de Bentinho fazendo com que o protagonista faça referencia entre a narrativa presente e seu passado, onde mostra os supostos fatos que ocorreram “de verdade”, fatos esses que são falhos pois o narrador não é onisciente, porque Bentinho não tem total controle das atitudes dos outros personagens, pois durante a narraiva o narrado fica distante dos outros personagens. Nessa obra o autor deixa ao julgamento do leitor a duvida de Capitu ter traido Bentinho ou não, tudo isso porque na narrativa do romance o autor fornece indicios de que Capito o traiu porem mostra sua pureza, e tenta justificar por meio da narrativa os motivos que o leva a abandonar mulher e filhos. O tempo da narrativa é cronologio, cuja primeira referência é o ano de 1857, onde José Dias sugere a D. Glória que Bentinho vá o mais rapido para o seminário. È usado a descrições fisica e psicologica, usando a descrição fisica geralmente para descrever lugares e objetos como faz no inicio usando a descrição fisica para descrever a casa onde cresceu e a psicologica para descrever pessoas.A meu ver, é psicológico, pois ele conta fatos ocorridos durante sua vida, até o dia em que se encontra. “Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e...” Pág.: 7 Cap.: VIII. Durante a narração, há passagens do tempo cronológico: “No dia seguinte fui à casa da vizinha,...” Pág.: 43 Cap.: XLII

Espaço
Toda a ação narrativa passa-se no Rio de Janeiro. O narrador faz-nos acompanhar sua trajetória pelos bairros e ruas do Rio, desde o Engenho Novo, onde -escreve sua obra, até a Rua de Matacavalos, onde passou sua infância e conheceu Capitu. É interessante lembrar, que as duas casas amarram-se novamente num círculo perfeito, já que a do Engenho Novo foi construída à semelhança da casa de Matacavalos. A tentativa do narrador de atar as duas pontas da vida parece funcionar não apenas na ligação entre o presente e o passado, mas também na própria estrutura da obra, como vimos na introdução dessa parte.

Narrador
O narrador é Bento Santiago, transformado já no velho Dom Casmurro. O foco narrativo é, portanto, em primeira pessoa e toda a narrativa é uma lembrança do personagem sobre sua vida, desde os tempos de criança, quando ainda era chamado de Bentinho. Porém, trata-se de um narrador problemático: primeiro porque o narrador é um homem emotivamente arrasado e instável; segundo porque ele narra fatos que não conhece bem, podendo ser tudo fruto de sua imaginação.

Comentário do Professor
A Prof.ª Aparecida Augusta Barbosa, do Cursinho do XI, lembra que "Dom Casmurro" é uma obra publicada na segunda metade do século XIX, período de desenvolvimento do cientificismo, que procura resultados exatos para explicar o mundo. Assim, há uma proposta artística de desnudar o real e desvendar os contrastes do íntimo, tentando explicá-los com os métodos científicos. Além disso, dentro de um contexto histórico trata-se de um período repleto de mudanças sociopolíticas e intelectuais, tais como a abolição da escravatura (1888), a Proclamação da República (1889), a entrada de imigrantes no país, e a modernização do Brasil com a dinamização da vida social e cultural, principalmente no Rio de Janeiro, sede do governo na época. Assim, afirma a Prof.ª Augusta, era um momento propício para as artes absorverem as novas ideias vindas da Europa, tais como o liberalismo, o socialismo e as teorias cientificistas. Dentro desse contexto histórico-cultural é que se precisa pensar a obra de Machado de Assis. "Dom Casmurro" é uma obra narrada em primeira pessoa por um homem já velho e solitário, que está tentando "atar das duas pontas da vida" (infância e velhice). O tom do romance, que é construído em flashback, é de uma pessoa desiludida e amargurada, e sua visão dos fatos narradas é totalmente subjetiva e unilateral. Por conta disso, o livro adquire diversas leituras possíveis e permanece-se com a dúvida sobre o adultério de Capitu, afirma a profa. Augusta. Além disso, a linguagem utilizada por Machado de Assis é marcadamente acadêmica e bem cuidada, sendo clássica e regida pelas normas de correção gramatical estabelecida. Entretanto, há o registro em alguns pontos de aspectos típicos da língua utilizada pela personagem e registros mais informais e informais da língua portuguesa. Assim, a linguagem usada pelas personagens e o nível social dos protagonistas pode ser uma questão abordada pelos vestibulares, finaliza a Prof.ª Augusta.

Características 
Gênero
A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), e depois também com Quincas Borba (1891), Machado de Assis escreveu livros com temas e estilos diferentes de seus precedentes, a saber Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia. Esses novos romances, e aqui se inclui Dom Casmurro, são chamados de Realistas por possuírem atitude crítica, objetividade, contemporaneidade. Alguns críticos preferem chamar este romance de "realismo psicológico", por apresentar o interior, o pensamento, a ausência da ação aliada à densidade psicológica e filosófica. No entanto, também notamos em Dom Casmurro resíduos românticos, como a metáfora erótica em relação à Capitu, "olhos de cigana oblíquoa e dissimulada". Ian Watt escreveu que o realismo referia-se às experiências empíricas dos homens, mas a recriação do passado através da memória de Bentinho, suas “manchas” de recordação, aproximam o livro também de procedimentos do romance impressionista. Para John Gledson, Dom Casmurro "não é um romance realista no sentido de que nos apresenta abertamente os fatos, sob forma facilmente assimilável. Apresenta-se com eles, mas temos de ler contra a narrativa para descobri-los e conectá-los por nós mesmos. Na medida em que assim procedermos, descobriremos mais não só acerca dos personagens e dos acontecimentos descritos na história, mas também sobre o protagonista, Bento, o próprio narrador." Assim, podemos concluir que Dom Casmurro é um romance realista voltado para a análise (ou exposição) psicológica e que critica ironicamente a sociedade a partir do comportamento de determinados personagens, no caso da elite carioca.Os críticos também notam certos elementos do Modernismo em Dom Casmurro. Mesmo alguns, como Roberto Schwarz, arriscam considerar que este é o "primeiro romance modernista brasileiro". Isso deve-se fundamentalmente a seus capítulos curtos, a estrutura fragmentária não linear, o gosto pelo elíptico e alusivo, a postura metalinguística de quem escreve e se vê escrevendo às intromissões na narrativa, livro que permite várias leituras ou interpretações — elementos anti-literários que só seriam popularizados com o modernismo décadas mais tarde. Outros ainda o vêem como um romance policial, onde o leitor teria que investigar os pormenores das ações desconfiando das visões do narrador para chegar a uma conclusão sobre a veracidade do adultério, já que "desde o início há incongruências, passos obscuros, ênfases desconcertantes, que formam um enigma."Entre essas pistas estariam: a metáfora dos "olhos de ressaca" e dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", o paralelo com o drama shakespeariano de Otelo e Desdêmona, a aproximação com a ópera do tenor Marcolini (o duo, o trio e o quatuor), as "semelhanças esquisitas", as relações com Escobar no seminário, a lucidez de Capitu e o obscurantismo de Bentinho, a imaginação delirante e perversa do ex-seminarista, o preceito bíblico do Eclesiastes no final do livro.

Temas
O tema central de Dom Casmurro é o ciúme e a tragédia conjugal de Bentinho. A começar pela citação dos imperadores César, Augusto, Nero e Massinissa, que mataram suas esposas acusadas de adultério, até a citação do mouro Otelo que matou sua mulher pelo mesmo motivo. Seu primeiro traço de ciúmes surge no cap. LXII quando pergunta a José Dias, agregado da casa de sua mãe, quando este vai visitá-lo no seminário, "Capitu como vai?", ao que o outro responde: "Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo enquanto não pegar um peralta da vizinhança que se case com ela…" Para Bentinho a resposta foi um baque, já que escreve: "A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante". De acordo com Roberto, em Dom Casmurro "a instância mais dramática está no ciúme, que havia sido um entre os vários destemperos imaginativos do menino, e agora, associado à autoridade do proprietário e marido, se torna uma força de devastação." Contudo, aqui há uma inovação no tema do ciúme presente em outras literaturas: em Dom Casmurro ele é apresentado do ponto de vista de um marido que se suspeita traído, sem dar margem à versão das outras personagens.
O Rio de Janeiro em 1889. 

Outro tema bastante explícito do livro refere-se à sua ambientação: Rio de Janeiro do Segundo Império, na casa de um homem da elite. Críticos escrevem que até a época de sua publicação foi o livro que "fez a exploração psicológica mais intensa do caráter da sociedade do Rio de Janeiro".Bento é proprietário, cursou faculdade e tornou-se advogado, e representa uma classe diferente da de Capitu que, embora seja inteligente, veio de família mais pobre. O narrador permeia o livro de citações francesas e inglesas, hábito comum entre os aristocratas do século XIX. O contraste entre as duas personagens deu margem à interpretações de que Bentinho destruísse a figura de sua mulher por ele ser da elite e ela pobre. Em Dom Casmurro, o homem é o resultado de sua própria dualidade e incoerente em si mesmo, enquanto a mulher é dissimulada e encantadora. Assim, é um livro que representa a política, ideologia e religião do Segundo Reinado.
Típica cena familiar carioca dos tempos de Dom Casmurro, em 1891 (Cena de Família de Adolpho Augusto Pinto; artista:Almeida Júnior) 

Segundo Eduardo de Assis Duarte, "o universo da elite branca e senhorial é o cenário por onde o narrador-personagem destila seu rancor e desconfiança quanto ao suposto adultério." Schwarz escreve que o romance apresenta as relações sociais e o comportamento da elite brasileira da época: de um lado, progressista e liberal, de outro, patriarcal e autoritária.Outro ponto estudado é que Dom Casmurro é quase incomunicável com Capitu — daí o fato de somente os gestos e os olhares (e não palavras) da moça lhe indicarem o possível adultério. Bento é um homem calado e metido consigo mesmo. Um de seus amigos um dia lhe enviou uma carta escrevendo: "Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo."Este isolamento, que se torna um motivo para ele "atar as duas pontas da vida", é também um dos temas do romance. O crítico Barreto Filho, por exemplo, notava ser "o espírito trágico que enformaria a obra inteira de Machado, guiando os destinos para a loucura, o absurdo e, no melhor dos casos, a velhice solitária."
Um dos problemas centrais de toda obra machadiana, e também presente neste livro, é a questão "Em que medida eu só existo por meio dos outros?", uma vez que Bento Santiago se torna Dom Casmurro influenciado pelos acontecimentos dos fatos e pelas ações das pessoas que lhe são próximas.Eugênio Gomes observou que o tema da semelhança física do filho resultante da "impregnação" da mãe pelos traços de um homem amado, sem que este gerasse aquele (como acontece entre Capitu, seu filho Ezequiel e o provável pai Escobar), era um tema em foco na época deDom Casmurro, também escreveu que uma das principais temáticas de Dom Casmurro é a tomada do fato imaginado como real, um elemento também presente nos contos machadianos.Assim, o narrador, através de si mesmo, contaria os fatos através de uma determinada loucura que o faria tomar por realidade suas fantasias, expressas em exageros e enganos.

Estilo
"O estilo contido, 'enxuto', sóbrio, e os capítulos curtos, dispostos em blocos harmoniosos, integram-se à perfeição na montagem do enredo, exposto de invertida, fragmentária. Nada escapa à reflexão do narrador, nem seu próprio relato, flagelado também pelo demônio da análise, pelo 'homem do subterrâneo', a relativizar com ironia e ceticismo qualquer derramamento sentimental." — Fernando Teixeira Andrade. Com Dom Casmurro, Machado continua com o estilo que vinha desenvolvendo desde Memórias Póstumas de Brás Cubas, numa linguagem culta, permeadas por intertextualidades e ironias. Ele é considerado o último romance de sua "trilogia realista".Contudo, aqui ele também utiliza traços que retomam ao Romantismo (ou "convencionalismo", como prefere a crítica mais moderna). Um exemplo é o relacionamento de Bentinho com Capitu, o ciúme, o possível adultério. Além disso, tanto em sua fase romântica, com Ressurreição, onde ele descreve o "gracioso busto" da personagem Lívia, até sua fase realista, onde nota-se uma fixação pelo olhar dúbio de "cigana oblíqua e dissimulada" de Capitu, há sempre um traço romântico. Capitu é capaz de conduzir a ação, apesar do predomínio da trama romanesca não ter se esvaziado. Contudo, à imagem do romance anterior, em Dom Casmurro há o mesmo rompimento com os realistas que seguiam Flaubert, cujos narradores desapareciam atrás da objetividade narrativa, e também dos naturalistas que, à exemplo de Zola, narravam todos os detalhes do enredo: ele opta por abster-se de ambos os métodos para cultivar o fragmentário e criar um narrador que interfere na narrativa com o objetivo de dialogar com o leitor, comentando seu próprio romance com filosofias, intertextualidade, e metalinguagens. Um exemplo desta última ferramenta dá-se no Capítulo CXXXIII, de um parágrafo só, em que o narrador escreve: Já me vais entendendo; lê agora outro capítulo. Bento, advogado, também abusa da retórica para dar sua versão dos fatos.Sua narrativa, de tempo psicológico, acompanha os vaivens da sua memória, de maneira menos aleatória que em Memórias Póstumas, mas igualmente fragmentária. No entanto, algumas unidades são perceptíveis: a infância em Mata cavalos; a casa de Dona Glória e a família do Pádua, os parentes e agregados; o conhecimento de Capitu; o seminário; a vida conjugal; a densificação e os surtos de ciúme; a separação etc. De fato, o livro possui um estilo muito próximo ao do impressionismo associativo, onde existe uma ruptura com a narrativa linear, de modo que as ações não seguem um fio lógico ou cronológico, mas que são relatadas conforme surgem na memória e na vontade de Bento Santiago. José Guilherme Merquior notou que o estilo do livro "mantém-se na linha dos dois romances anteriores, com capítulos curtos, marcados pelos apelos ao leitor em tom mais ou menos humorístico e pelas digressões entre graves e gaiatas". As digressões são "intromissões" de elementos que aparentemente se desviam do tema central do livro e que Machado utiliza como interpolação de episódios, recordações, ou reflexões, muitas vezes citando outros autores ou obras ou comentando os capítulos, as frases, a organização do todo do próprio livro.

Influências Literárias
De todos seus romances, Dom Casmurro é provavelmente a obra que mais possui influência teológica. Há referências a São Tiago e São Pedro, principalmente pelo fato de o narrador Bentinho ter estudado em seminário. Além disso, no Capítulo XVII Machado faz alusão a um oráculo pagão do mito de Aquiles e a ao pensamento israelita. Também utiliza, no final da obra, como uma epígrafe, o preceito bíblico de Jesus, filho de Sirach: "Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti."
 No livro, Bento faz alusões ao Fausto de Goethe para evocar suas memórias. 
(Ilustração: Harry Clarke, 1925). 
A influência teológica não se limita aos fatos, mas também vai no nome das personagens: EZEQUIEL - nome bíblico; BENTO SANTIAGO - Bento (=santo), Bentinho (=santinho), Santo + Iago (=fusão entre o bem e o mal, de santo com Iago, personagem maléfico de Otelo, de Shakespeare); CAPITU sugere inúmeras derivações: de caput, capitis que, em latim, significa cabeça, numa alusão à inteligência ou à esperteza (Foneticamente aproxima-se de capeta, imagem da vivacidade, ou da maldade e traição com que a impregna o narrador enciumado.); CAPITOLINA lembra ainda o verbo capitular (= renunciar), a atitude conformada da esposa injuriada pelo marido, e que capitula e renuncia a qualquer reação. Para evocar suas memórias, Bento cita Fausto, de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), transcrevendo: ai vindes de novo inquietas sombras… Fausto é o nome da personagem principal da peça que vende a alma ao demônio Mefistófeles para que este lhe dê a imortalidade, a eterna juventude e riquezas materiais. As "inquietas sombras" são, no caso, as memórias das pessoas e dos incidentes do passado, adormecidos, mas ainda perturbadores. Para a crítica norte-americana Helen Caldwell, essa citação é a que põe a memória de Bento em andamento: "seguida de perto pela alegoria da 'ópera', com seus colóquios no céu entre Deus e Satanás, dá a impressão de que Santiago talvez se identifique com o Fausto e sinta que vendeu a alma ao diabo." Os críticos notam que os clássicos antigos e modernos e as citações bíblicas não são, nunca em Machado, mera erudição; ao contrário, iluminariam as narrativas e inscrevê-las-iam com propriedade nos grandes arquétipos da literatura universal.
Otelo e Desdêmona por Muñoz Degrain, 1881, é um retrato do drama Otelo de William Shakespeare: influência arquétipa para o ciúme do Bentinho de Dom Casmurro. 
Pois assim também acontece com o já citado Otelo de William Shakespeare. Otelo é o arquétipo do ciúme. Bento cria intertextualidade com a peça três vezes além do cap. LXII, no Capítulo LXXII e no Capítulo CXXXV: o primeiro comenta a relação de Desdêmona e seu marido mouro, enquanto que no segundo vai assistir a peça e diz que, embora "não vira nem lera nunca Otelo", estimou a coincidência entre seu próprio relacionamento com Capitu ao chegar ao teatro. Helen Caldwell sustentou fortemente a tese de que Dom Casmurro sofria influência de Otelo não somente no tema do ciúme mas também nas personagens: para a autora, Bento é o "Iago de si mesmo" e José Dias (que amava os superlativos) um típico personagem shakespeariano que gasta suas energias aconselhando (como o Polônio de Hamlet, que dá conselhos ao filho e exagera os fatos quando fala com o rei). Outras fontes referem-se a semelhança física do filho (no caso, Ezequiel) resultante da "impregnação" da mãe pelos traços de um homem amado, sem que este gerasse aquele, foco usado antes por Zola em seu Madeleine Férat (1868) e também no precedente As Afinidades Eletivas (1809) de Goethe, onde o filho de Eduard e Charlotte tem os olhos de Ottilie, por quem Eduard está apaixonado, e as feições do capitão, amado por Charlotte; e à filosofia pessimista de Bento, onde os críticos notam influência direta de Schopenhauer, para quem "o prazer da existência não repousam no viver, só se alcançam no contemplar o vivido" (daí o objetivo de Bento retratar seu passado), e de Pascal, uma vez que o cristianismo de Bentinho é análogo à casuística jesuíta atacada por ele e pelos jansenistas

Características Naturalistas da obra
TRAÇOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS DA PERSONAGEM CENTRAL
Capitu: Morena, Olhos Claros, Cabelos Grossos, Nariz reto e comprido, boca fina e queixo largo. Sabia muito bem como mentir, era teimosa, inteligente, prática, personalidade forte e marcante.Trata de episódios mais ou menos independentes tempo psicológico.
Bentinho: Solitário, reconstitui a sua vida como um tempo perdido, narrando à proporção que lembranças surgem.

O Foco Narrativo
1ª Pessoa: Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista. Sendo escrito em primeira pessoa, apresenta apenas a interpretação dos fatos presenciados pelo narrador-personagem, não apresentando em nenhum momento outras visões. Assim resta-nos a dúvida da traição de Capitu.
Um texto narrado em 3ª pessoa dá-nos visão do ser de cada personagem, não cabendo a nós a interpretação de cada um, pois esta já foi realizada, assim, podemos obter a conclusão exata da obra, não restando, na maioria das vezes, dúvidas sobre a narração, pois expõe o desfecho de forma clara e compreensiva.

Vero Semelhança

Trata de sua realidade presente

A Escola Literária

O realismo fundamenta-se na representação do ambiente realista, retratando situações reais do cotidiano humano. Não há fugas, o texto é escrito dentro dos padrões. Personagens interessam-se pelo atual presente (Capitu preocupa-se a cada dia com a ida de Bentinho ao seminário). Todos os personagens retratam suas reais figuras na sociedade. A razão predomina sobre a emoção, a qual não é capaz de livrar Bentinho e Capitu de todos seus problemas. Retratava exatamente a realidade da época.

A Mensagem
O amor cria máscaras. Os ciúmes fazem-nos ver aquilo que não ocorre e decisões precoces podem alterar completamente nosso destino de forma prejudicial. Lutar pelos nossos sonhos pode ser útil, mas não significa que essa luta será benéfica. Ler obras de Machado de Assis propicia-nos ampliação de vocabulário e seus romances realistas dão-nos muito conhecimento histórico-social, ou seja, foi muito mais que um simples passa tempo.
Contextualização
"Dom Casmurro" sendo um narrador-personagem insinua ao contar sua história um adultério que pode ou não ter ocorrido entre sua esposa Capitu e seu amigo Escobar. Os filmes e as músicas apresentadas a seguir são uma forma de demonstrar o adultério na atualidade:

Traição - Ana Carolina

A traição
Que guardo entre os dedos da mão
Me leva, me guia
Me deixa na estrada
Dos passos passados por mim

A traição
E no fim do caminho o perdão
Uma curva escondida
Entrada e saída
Vontade perdida de amar

Você surgiu
O céu caiu
Sem estrelas, sem Deus
Seus olhos fecharam nos meus.

A traição
Nas batidas do meu coração
Me leva, me guia
Assim, como um rio
Que segue meu destino sem mim

Você surgiu
O céu caiu
Sem estrelas, sem Deus

Seus olhos fecharam nos meus
Sempre haverá, uma nova paixão
Somos tudo que vamos perder

Amores demais, que vem e que vão
Tantas canções pra esquecer

Você surgiu
O céu caiu
Sem estrelas, sem Deus
Seus olhos fecharam nos meus

Tantas canções pra esquecer....

A Lua Me Traiu - Banda Calypso

Parece até conto de fadas
Mas assim aconteceu
Éramos dois apaixonados
Julieta e Romeu
Naquela noite encantada
Pedi pra lua dos amantes
Que iluminasse essa hora
Pra esse amor eternizar
Mas num passe de mágica
Você desapareceu
Um eclipse maldito
O encanto se perdeu
E o meu coração partido
Foi sofrendo e foi sofrendo
Tentando te encontrar na madrugada
Fria madrugada!

(Refrão)

A lua me traiu
Acreditei que era pra valer
A lua me traiu
Fiquei sozinha e louca por você. (2x)

Ah ah ah ah não consigo te esquecer
Ah ah ah ah apaixonada por você (3x)


Infidelidade (Diane Lane e Richard Gere são um casal feliz, têm uma vida confortável e um filho de 8 anos... até que ela conhece um belo rapaz francês, com quem inicia um relacionamento intenso. o marido começa a desconfiar e contrata um detetive.)
  
Closer, Perto Demais (Julia Roberts se divorciou recentemente e casa-se com Clive Owen, mas tem um caso com Jude Law, que por sua vez está com uma stripper, Natalie Portman, sua musa inspiradora. um retângulo amoroso pessimista onde ninguém é realmente feliz. um bom filme de Mike Nichols)

Conclusão
A obra é considerada a maior representante do movimento literário realista, tendo praticamente todas as características do movimento literário do qual participa. Os problemas sociais citados no livro ainda atingem a sociedade atual, portanto ainda possui muito valor, não apenas devido as características do livro, mas pela forma como Machado escreve, o qual é considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
O livro Dom Casmurro de Machado de Assis não apresenta um estilo linear como nos demais realistas como exemplo o narrador não se contenta em contar a sua historia, conduz ao leitor por caminhos controversos. Como características do realismo/naturalismo podemos citar a crença na razão, o determinismo, problemas patológicos entre outros e grande parte destes fatores que tornam uma obra realista/naturalista podemos encontrar em Dom Casmurro. De um modo geral, podemos destacar que o grande tema desta obra é a suspeita do adultério nascido dos ciúmes doentio do narrador e do protagonista Bento Santiago. Machado de Assis de certa forma não utiliza ao adultério como era habitual na literatura realista, mas trás como uma suspeita, desta forma levando ao leitor a questiona-se se realmente ouve a traição. Dom Casmurro tratou-se de uma obra que trouxe como temática a suspeita de adultério, a lentidão na narrativa, este que não satisfeito tenta explicar a própria obra, a materialização do amor, concluindo, características gerais do realismo.

Equipe
Enredo -------- Thalyta Sara -------- Nº 47
Personagem -------- Fernanda N. Assunção -------- Nº 15
Foco Narrativo -------- Anderson Lima -------- Nº 05
Foco Narrativo (Tempo) -------- Claudio Henrique-------- Nº 10
Foco Narrativo (Espaço)-------- Ivan -------- Nº 22
Características do Realismo -------- Marylin Santos -------- Nº 37
Características Naturalistas ------ Andreza  Souza -------- Nº 06
Contextualização -------- Gustavo Matos -------- Nº 20


Bibliografia do Site
http://revistaml.blogspot.com.br/2012/12/dom-casmurro-e-suas caracteristicas.html
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20111031110732AAuikVO
http://revistaml.blogspot.com.br/2012/12/dom-casmurro-e-suas-caracteristicas.html http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20111031110732AAuikVO
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Casmurro

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